Essa Copa do Mundo tem tanta coisa para falar que não consigo parar de escrever, mas resolvi publicar e depois, na medida que a gente for lembrando, vamos publicando por aqui.
No dia 20 de novembro, iniciava no Catar a vigésima segunda edição da Copa do Mundo de Futebol, realizada pela primeira vez entre os meses de novembro e dezembro devido às altas temperaturas que o país sofre no meio do ano. 32 seleções, de cinco continentes diferentes, disputaram 64 partidas no total, em 07 cidades-sede, no Catar, continente Asiático, a primeira no mundo Árabe. Com as atenções voltadas para a Copa do Mundo, as “cortinas” das luxuosas construções que compõem o território não foram suficientes para esconder as violações de direitos humanos que ocorrem no país. A Copa da ostentação e cheias de luxo, mas também das desigualdades e da opressão a segmentos da sociedade. Diversas denúncias vêm sendo realizadas pela comunidade internacional desde antes da abertura da competição e esta Copa estará marcada pelas violações dos direitos humanos que vão desde a exploração dos trabalhadores que construíram as infraestruturas dos estádios, discriminação das mulheres e pessoas LGBTQIA+ e a falta de liberdade de imprensa e também dos jogadores das seleções e dos torcedores que não puderam se posicionar politicamente. Sobrou até para a nossa bandeira de Pernambuco, que foi confundida com a bandeira LGBTQIA+ só porque também conta com um arco-íris.
É jogo de Copa
No dia 22 de novembro, em partida válida pela 1ª rodada do grupo C, a Argentina perdeu para a Árabia Saudita sua única partida da Copa, após ter feito um ótimo ciclo de Copa do Mundo, ter vencido a última Copa América em 2021, contra o Brasil, e a Finalíssima em 2022 contra a campeã da Eurocopa, Itália. Perdeu quando ainda dava para perder. A partida terminou 2x1 para os Sauditas em uma virada histórica, mas não venceram mais nenhuma partida na Copa. Nas rodadas seguintes, perderam para a Polônia por 2x0 e para o México por 2x1, despedindo-se do torneio ainda na primeira fase. No Grupo C, classificaram Argentina e Polônia.
No grupo E, as apostas apontavam para a tetra campeã mundial Alemanha e na campeã mundial Espanha e que Japão e Costa Rica eram apenas figurantes. Mas não foi bem assim que aconteceu. Logo na primeira rodada o Japão venceu a Alemanha e a Espanha confirmou o favoritismo contra a Costa Rica. Com os resultados, a Alemanha já poderia ficar de fora logo na segunda rodada, mas a Costa Rica, que havia sido goleada pela Espanha, ganhou do Japão e a Espanha empatou com a Alemanha o que deixou as vagas abertas para a última rodada, que reservou fortes emoções. O Japão venceu a Espanha e garantiu o primeiro lugar do grupo, no outro jogo a Costa Rica chegou a engrossar contra Alemanha em um determinado momento do jogo e quase garantiu a segunda vaga. A Alemanha acabou vencendo o jogo, mas não a classificação. No Grupo E a Espanha ficou com o segundo lugar por conta do saldo de gols.
A seleção que encarou cada partida como jogo de Copa do Mundo foi a Seleção do Marrocos e fez história terminando a competição na quarta colocação. A equipe passou em primeiro lugar no grupo F com Croácia, Bélgica e Canadá. Em seguida, nas oitavas de final, o país enfrentou a Espanha e venceu nos pênaltis após empate em 0 a 0. Nas quartas de final, Marrocos venceu a seleção de Portugal por 1x0 e passou a ser a primeira equipe do continente africano a chegar em uma semifinal de Copa do Mundo. Na sequência, após um jogo duro contra a França, o sonho da final foi interrompido. A seleção francesa venceu a partida por 2x0.
As Coincidências
Uma série de coincidências entrelaçaram os elos entre a Copa do Mundo de 2002 e de 2022, as forças do universo estavam atuando para que as pontas soltas se juntassem em uma sincronicidade de acontecimentos semelhantes entre os dois mundiais de seleções, que nos traziam confiança ao lembrarmos que há 20 anos atrás o Brasil conquistou o Pentacampeonato mundial.
A primeira coincidência que podemos apontar é o fato de que a última seleção campeã, antes das Copas de 2002 e 2022, foi a seleção francesa, que venceu em 2018, na Copa do Mundo da Rússia, e também tinha sido campeã em 1998, comemorando o título em casa, na própria França.
Outra semelhança que podemos apontar entre as duas copas do mundo é a que ambas trouxeram o continente asiático como sede dos jogos. Em 2002 as partidas foram disputadas em cidades do Japão e da Coreia do Sul, já em 2022 o Catar recebeu os jogos das principais seleções do mundo no campeonato mundial.
Trazendo para o futebol local, aqui em Pernambuco, uma outra coincidência entre 2002 e 2022, foi o triunfo do Clube Náutico Capibaribe, que comemorou o Bicampeonato pernambucano no mesmo ano da Copa. Fato que aconteceu em 2002 e também em 2022. Escutei de um próprio torcedor alvirrubro que essa talvez fosse a coincidência mais difícil de acontecer, tendo em vista as poucas alegrias e conquistas que o clube lhe deu nos últimos 20 anos.
Para aumentar ainda mais a confiança de quem gosta de uns sinais trazidos pelas coincidências, uma outra semelhança que podemos identificar entre 2002 e 2022 é na política brasileira. Em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil pela primeira vez para fazer história no país. Em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva também foi eleito presidente do Brasil pela terceira vez, depois de uma das eleições mais acirradas da história do país.
Todas essas coincidências entre 2002 e 2022 nos deixavam acreditar serem verdadeiros sinais de que o hexa campeonato estava próximo. Mas, apesar das semelhanças, não foi o Brasil que soltou o grito entalado na garganta de é campeão no final do campeonato. Afinal, cada copa tem a sua história e personagens e é isso que a torna tão encantadora.
Os brasileiros apontaram que seria pedir demais aos Deuses uma vitória da seleção brasileira da Copa do Mundo logo depois de uma eleição presidencial histórica no país que colocou fim a um governo fascista e devastador com a derrota de Jair Bolsonaro, e que trouxe de volta a esperança de dias melhores com o presidente Lula eleito novamente. “Sorte na política e azar no jogo e também no amor que cultivamos pelo futebol”, descreveu Dona Duda, vendedora de cafezinho da Estação de Metrô Joana Bezerra, no Recife-PE.
O Resgate
No dia 24 de novembro, o Brasil entrou em campo para resgatar o orgulho do povo brasileiro que voltava aos poucos a erguer a bandeira do país e a vestir a camisa da seleção sem medo de ser confundido como eleitor do presidente fascista e destruidor, Jair Bolsonaro, que havia perdido as eleições presidenciais no dia 30 de outubro. Quando o Brasil entrou em campo, muitos apoiadores do candidato derrotado ainda estavam fazendo atos antidemocráticos, se opondo ao regime democrático de direito, fechando as estradas brasileiras e contestando as urnas que garantiram a vitória democrática para o presidente Lula. Ainda ousavam gritar aos ventos na frente dos quartéis por intervenção militar. Por isso, ninguém com consciência queria ser confundido com essas pessoas idiotas. Mas era a seleção em campo e esse símbolo nacional precisava ser resgatado pelas pessoas brasileiras, e às 16h00, horário de Brasília, a bola rolou para Brasil e Sérvia, em Lusail.
Foi bonito assistir o futebol arte brasileiro voltar com tudo logo na estreia. A seleção brasileira jogou leve e com muita vontade de ganhar a Copa. Deu para ver logo no primeiro jogo que vontade não ia faltar. Mas dava para ver também um outro adversário forte para os brasileiros, a afobação. A vontade de ganhar não poderia se misturar com a afobação. Seria preciso colocar a bola no chão, ter tranquilidade, calma, paciência e ficar atento e forte, pois qualidade já tínhamos identificado no início da competição.
O treinador Tite escalou o time pra frente, ofensivo, e controlou o jogo do começo ao fim com muita intensidade e venceu a Sérvia pelo placar de 2x0. Com direito ao gol eleito como mais bonito da Copa, “o Voo do Pombo”.
O Voo do Pombo
O “Voo do Pombo” foi uma verdadeira obra de arte, uma coisa linda de orgulhar qualquer brasileiro amante do futebol. O gol foi a assinatura da volta do futebol arte do Brasil. Dançado pelos movimentos ritmados composto pelo passe de Vinícius Júnior e o movimento expressivo do corpo que eternizou o golaço de bicicleta do centroavante Richarlison. O jogador ficou conhecido em todo o mundo como "Pombo", apelido que ganhou em 2018, jogando pelo futebol inglês. Daí o nome da obra de arte "O Voo do Pombo”. O gol do artista nos devolveu o orgulho de ser brasileiro. A partir dali, o Brasil só precisava se divertir com a bola, e isso a gente sabe fazer. A Alegria contagiou todo mundo com jogos e danças encantadoras. Apenas alguns que costumam ser contra as alegrias, principalmente as alegrias das pessoas que estão ao Sul do mundo, “Como podem ser alegres desse jeito esses seres que habitam o sul do mundo, é proibido alegria em campo”, apontavam os inimigos da felicidade.
Mas a alegria é a nossa maior identidade no futebol e ela tinha voltado com tudo e foi possível assistir outros momentos do jogo bonito, artístico e encantador dançado pelos brasileiros.
No Catar, o Brasil também perdeu uma vez ainda na fase de grupos e com a seleção brasileira com o time reserva e já classificada, a derrota foi para a seleção de Camarões, do continente africano, que também traz a alegria como identidade. Também teve um empate com derrota nas penalidades para a pragmática Croácia. Depois de um golaço brasileiro com uma jogada coletiva composta de troca de passes envolventes e um toque artístico de Neymar que driblou o goleiro e chutou para o fundo das redes, não poderíamos jamais deixar a Croácia empatar. O doutor Sócrates Brasileiro dizia que o futebol por ser uma arte, e não uma competição, vale a beleza, pois, nessa arte, o feio pode superar o belo, e o time fraco pode até vencer, e vencer legalmente, às vezes por influência do acaso. Às vezes consegue um empate pragmático e vence nas penalidades, foi assim que a Croácia havia sido vice-campeã na copa do mundo de 2018 na Rússia e utilizou da mesma estratégia na Copa no Catar terminando a competição em terceiro lugar. Essa derrota nos pênaltis adiou o nosso momento de êxtase e o nosso grito de hexa campeão e vai ficar entalado na garganta até 2026. Mas mesmo na derrota, essa copa nos deu alegria de resgatar a nossa principal paixão, a seleção brasileira e o nosso futebol arte. 2026 é logo ali.
O Maior adversário do Brasil
Desde o primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo do Catar foi possível identificar o futebol arte dançado pelos jogadores que jogavam livres e ofensivamente para expressar suas emoções por meio dos movimentos ritmados e expressivos com a bola. Dançar exige uma preparação dos movimentos coreografados até mesmo para o improviso, principalmente quando é uma dança coletiva. O ato de dançar necessita da ativação de diversas atividades cognitivas como a atenção e concentração, memória, raciocínio lógico, noção espacial e consciência corporal. Desde o primeiro jogo identificamos que as atividades cognitivas como memórias, raciocínio lógico, noções espaciais e consciência corporal, estavam bem treinadas, a exemplo do gol obra de arte “O Voo do Pombo”, executado por Richarlison, assim como também o gol de Neymar nas quartas de finais que foi preciso muita noção espacial e raciocínio lógico dos jogadores para furar o bloqueio da Croácia. Mas desde a primeira partida também foi possível identificar o maior adversário do Brasil, a afobação. Muita pressa para marcar os gols e precipitação para finalizar as jogadas foram identificadas já no primeiro jogo. Muita afobação dos jogadores da seleção acabou atrapalhando dois pilares necessários para executar uma dança, a atenção e a concentração. No jogo contra a Croácia, no dia 09 de dezembro, o Brasil já ganhando de 1x0 continuou afobado para marcar mais um, prejudicando assim a atenção e a concentração dos jogadores que acabaram executando movimentos descompassados entre eles e deu espaço para, no contra ataque, a Croácia fazer o gol de empate e na sequência eliminar o Brasil nas penalidades. Não se pode deixar a afobação ganhar espaço. Faltou um pouquinho de experiência para segurar o resultado, faltavam só 4 minutinhos para o jogo terminar, não precisava se afobar, dava para evitar a Croácia empatar. Um outro apontamento que vai ecoar nos próximos anos é o de que não se pode colocar um jogador ainda jovem e na primeira experiência em Copa do Mundo para iniciar as cobranças de pênaltis, tinha que ser um jogador mais experiente, uma liderança do grupo, tinha que ser o Neymar o primeiro a cobrar.
Mas, 2026 é logo ali, e teremos tempo para que a seleção brasileira consiga se preparar fisicamente, taticamente e emocionalmente para dançar em campo, desta vez sem afobação, com tranquilidade, tendo paciência, jogando com consciência, atenção e concentração que o jogo de copa do mundo merece. Para que em 2026 o espetáculo de dança não termine em tragédia e que o final seja com felicidade.
A nova Tricampeã
No dia 18 de dezembro, as duas melhores seleções da competição entraram em campo para um jogo épico que valia o tricampeonato mundial para qualquer uma que ganhasse a final da Copa do Mundo no Catar. Argentina e França já haviam feito, na Arena Kazan, em 2018, o melhor jogo da Copa da Rússia. O encontro foi nas Oitavas de Final daquele ano e terminou 4x3 para os franceses em uma partida muito disputada e com viradas impressionantes. A França seguiu na competição e foi campeã mundial daquele ano. Quis os Deuses do futebol que dessa vez essas duas seleções se encontrassem na final do mundial para mais uma partida que vai ficar para história como uma das melhores finais de todos os tempos.
De um lado, jogando pela Argentina, o que joga futebol como os Deuses, o mago que dança e se diverte com a bola, a personificação do futebol arte mundial, vencedor de sete bolas de ouro do melhor jogador do mundo, “herdeiro” do trono mágico argentino deixado por Maradona, Leonel Messi, que chegava a sua quinta Copa do Mundo, segunda final de mundial, mas sem nenhum título.
Do outro, jogando pela França, o jovem artista, que esbanja criatividade, brinca com a bola com dribles, velocidade, beleza, harmonia e equilíbrio. Campeão da Copa do Mundo de 2018. O mais novo representante do futebol arte mundial, Mbappé, que chegava a sua segunda copa do mundo, segunda final e já com um mundial levantado em 2018.
Atualmente, ambos jogam pelo PSG, time francês, mas que conta com quantias financeiras consideráveis vindas do Catar. Com esses dois em campo, o placar não poderia passar em branco. Os dois chegaram na final disputando a artilharia e depois de boas atuações dentro de campo durante a competição. Tinha tudo para ser um grande jogo de futebol como já tinha ocorrido em 2018 e com a bola em campo as expectativas se confirmaram.
No primeiro tempo a Argentina bailou uma dança coletiva em cima dos franceses e dominou as ações fazendo 2x0, com gols de Messi e Di Maria. No segundo tempo, o jovem artista francês, Mbappé, que não vinha muito bem na partida, resolveu entrar em ação e marcou duas vezes, em dois minutos, empatando o jogo. O duelo continuou na prorrogação e Messi fez 3x2, mas Mbappé, de pênalti novamente, como tinha sido seu primeiro gol, fez o terceiro e empatou o jogo em 3x3. A nova seleção tricampeã foi definida nas penalidades e o título voltou para as mãos dos sul-americanos, que levaram a melhor por 4 a 2, com o goleiro Emiliano Martínez brilhando. Mbappé havia criticado o futebol sul-americano dizendo que não era tão avançado e quis os Deuses do Futebol que a taça de campeão do mundo retornasse ao território da América do Sul.
As mãos argentinas
Em 1986, no bicampeonato Argentino, a mão de Diego Maradona ficou eternizada na história do futebol por conta de um dos seus gols no jogo épico contra a Inglaterra. O seu gol é até hoje lembrado e louvado e que ficou conhecido como o gol da “La Mano de Dios”. Quis o destino que a mão de outro argentino fosse lembrada também no tricampeonato, mas não foi a mão do zagueiro Montiel que bateu com o braço na bola dentro de sua área após um chute de Mbappé possibilitando o pênalti que garantiu o empate da França nos minutos finais da prorrogação. A mão que será eternamente lembrada é a mão do goleiro argentino Emiliano Martínez, abençoada por Maradona lá do céu. Martínez, que já havia pego dois pênaltis contra a Holanda nas quartas de final, defendeu o chute de Coman, que ajudou os sul-americanos a conquistar o título da Copa do Mundo de 2022.
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A Felicidade
A terceira estrela tão esperada pelos
argentinos finalmente saiu e o grito de tricampeão ganhou as ruas do
país para celebrar. A conquista da Copa do Mundo foi também a coroação
de Messi como o melhor jogador deste século até agora. Faltava a ele
esse título para não restar dúvidas. O mundo dos amantes do futebol
ficou feliz com a coroação de Messi por personificar a felicidade em
forma de futebol arte.