De início, deixo claro. Não tenho nada contra a punição ao Grêmio, de exclusão da Copa do Brasil, por atos racistas de parte da sua torcida. É uma punição dura. Mas, em tese, com a melhor das intenções. E o argumento de que “o Grêmio foi usado como bode expiatório” não é tão justo, pois, é aquela coisa, para que se ocorra algo é preciso que aconteça o primeiro passo. Foi com o Grêmio. Poderia ser com outro time.
No entanto, volto a externar a mesma preocupação que tive em relação ao caso do Real Garcilaso (ver aqui), que é passar a ideia de: “Dentro do campo não posso ser racista. Mas, da porta pra fora, tudo bem”. Como alguém comentou logo após o caso na Arena Gremista: “O racismo faz parte do nosso dia-dia e pouco se comenta e tem a mesma repercussão do que houve nesse caso”. O objetivo não é relativizar esse caso, e sim, o fato de, talvez (espero estar errado), começarmos a definir locares onde “pode” ou “não pode” ser racista. Que, inclusive, é crime inafiançável.
Vamos supor que há um caso de racismo na porta no Estádio, provavelmente o dirigente, ou quem vai punir, ao invés de pensar: “Poxa. A torcida deles continua tendo atos racistas, tem que punir, tem que dar o exemplo”. Pensará: “Olha... foi fora do estádio. Então, não temos como punir ninguém, paciência. Se fosse dentro. Ahhh...aí seria outra coisa”. E nesse meio, ainda teria o time X que se beneficiaria com uma possível punição e iria argumentar: “Ahhh não quero saber. Porta do Estádio é Estádio. Tem que punir. Tem que excluir”. Ou seja, a preocupação não estaria no ato (imbecil) em si, os dirigentes estariam caga... e andando para se há racismo ou não na sociedade, a motivação seria apenas pelos interesses pessoais. A punição serviria como algo meramente para se tirar vantagem e não educativa, como, em tese, deveria ser.
Vamos supor que há um caso de racismo na porta no Estádio, provavelmente o dirigente, ou quem vai punir, ao invés de pensar: “Poxa. A torcida deles continua tendo atos racistas, tem que punir, tem que dar o exemplo”. Pensará: “Olha... foi fora do estádio. Então, não temos como punir ninguém, paciência. Se fosse dentro. Ahhh...aí seria outra coisa”. E nesse meio, ainda teria o time X que se beneficiaria com uma possível punição e iria argumentar: “Ahhh não quero saber. Porta do Estádio é Estádio. Tem que punir. Tem que excluir”. Ou seja, a preocupação não estaria no ato (imbecil) em si, os dirigentes estariam caga... e andando para se há racismo ou não na sociedade, a motivação seria apenas pelos interesses pessoais. A punição serviria como algo meramente para se tirar vantagem e não educativa, como, em tese, deveria ser.
É evidente que, infelizmente, o racismo não irá acabar na sociedade. No entanto, singularizá-lo a um local também não ajudará a combate-lo. Seria algo parecido com a ideia dos vagões só para mulheres para evitar o assédio masculino, é apenas passar a ideia de: “Olha, se a sociedade é machista ou não, paciência. Mas, pelo menos no metrô a gente vai tentar evitar. Agora, fora...”. Não há o princípio educativo da ação apenas uma tentativa de colocar um (grande) problema para debaixo do tapete.
Vão punir o Grêmio? Ok, repito, não me oponho. Mas, as pessoas que fazem isso sabem o motivo por que agindo? A preocupação é realmente em combater algo nocivo como o racismo ou passar a imagem de “na minha empresa não toleramos isso. Agora, se você fizer isso em outro lugar, por mim, tudo bem”. Repito o que falei no caso anterior do Garcilaso:
“Creio que o racismo não deve ser “combatido no futebol”, não devemos lutar pelo “fim do racismo no futebol” e sim pelo fim do racismo de forma geral. O esporte não pode ser visto como algo “a parte” e sim como dentro (que de fato está) do contexto social”.

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