Para muitos a Copa do Mundo no Brasil está completa, já que todas as "seleções importantes" estarão aqui (incluindo todas as campeãs). Talvez as maiores ausências estejam em jogadores como: Bale, Ibrahimovic, Lewandowski que não conseguiram classificar seus países para o torneio.
Não acho. Mesmo se à França tivesse sido eliminada pela Ucrânia, apesar da grandeza e importância francesa, a maior falta continuaria sendo a Seleção Vinotinto: Venezuela. Deixemos de lado qualquer pré-conceito ou ideologia em relação ao governo venezuelano. Apesar de que, sobre o tema, indico esse texto: A revolução bolivariana do futebol.
Em relação a jogadores, apesar dos bons: Rondon, Arango ou Rincom, a Venezuela não apresenta nenhum grande craque. E na copa, no máximo poderia chegar numa oitava-de-final. Mas, a importância dela na competição seria simbólica. Até o início deste milênio a Vinotinto representava o que havia de pior em relação ao futebol no continente sul-americano. Vejamos alguns números:
- Nas eliminatórias para Copa de 1994, em 8 jogos, conseguiu uma vitória e sete derrotas (4 gols feitos e 34 sofridos, sendo goleada por todas seleções do grupo)
- Para Copa de 1998 a campanha foi pior, em 16 jogos, nenhuma vitória, 3 empates e 13 derrotas (8 gols feitos e 41 sofrido).
- Para 2002 as coisas melhoraram, com 5 vitórias, 1 empate e 13 derrotas em 18 jogos. E pela primeira vez na história o time não seria lanterna (conseguiu superar o Chile).
Após 2002, como mostrado no link acima, a equipe conseguiu algumas vitórias históricas contra Brasil e Argentina. Além da classificação para 2° fase da Copa América (2007) e chegar as semi-finais da Copa América de 2011. E também conseguiu chegar a mundiais no Sub-17 e Sub-20. Todos resultados inéditos.
Para a Copa de 2014, alcançou sua melhor campanha em eliminatórias com o 6° lugar. Enfim, é significativo e marcante ver um time, em 10 anos, deixar de ser saco de pancadas para se tornar uma seleção competitiva. Algo inédito na história recente do futebol. E aí entra o simbolismo venezuelano. Uma classificação para o que há de mais importante no futebol (a Copa do Mundo) seria uma espécie de “Jamaica abaixo de zero” na vida real. Seria a prova de que o futebol de fato é um esporte democrático, de que, por mais inexpressiva que seleçãopossa ser e aí vale até para clubes, o esporte oferece a eles a chance de evolução, de estar entre os melhores em pouco espaço de tempo, de se tornar competitivo. Algo difícil de conseguir em outras modalidades em tão pouco tempo.
A classificação da Venezuela poderia servir de exemplo não só para os garotos do país sul-americano, mas, também de outros continentes. O jovem na Índia, Letônia ou no Haiti (países irrelevantes no futebol) poderia ver no exemplo venezuelano a ideia de “se eles podem chegar, porque nós não?”. Enfim, à Venezuela numa Copa passaria a mensagem de que: “o sol pode brilhar para todos”, pena que, nesse caso, os venezuelanos não terão a oportunidade de ver o sol brasileiro. Quem sabe na fria Rússia.

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