A degradação do 24 surgiu com popularização do jogo do Bicho (criado em 1892) que dava ao simpático veado a responsabilidade de carregar este número pelo resto da sua vida. Com o passar dos tempos a fama do “veado” se espalhou, virou piada, ofensa e uma das mais imbecis formas de preconceitos que existe maquiada pelo víeis do “humor”.
Aí alguém pode imaginar: “Mas, qual a lógica disso? Não é apenas um número?”. Sim! Deveria. É evidente que a numerologia está presente na vida das pessoas (de quem acredita ou não), vide o “azarado” para alguns e “sortudo” para outros, número 13. Porém, nem o número 666, conhecido como “da besta”, mesmo para quem acredita, é tão achincalhado como o coitado do 24.
No entanto, alguém pode falar… “ahhh mas é só brincadeira, ninguém leva isso a sério, qual a lógica de um número dizer ou não que uma pessoa é homossexual?”. É, “pessoa lúcida”, você está equivocado. No dia-a-dia o número é visto com certa repulsa por diversos meios da nossa prisão social (certo, Foucault?), como escolas, emprego, programas de TV etc. Mas, para sintetizar melhor, pego como exemplo o esporte mais popular do país: o futebol. Na série A do nosso maior campeonato, 13 clubes (olha o 13 aí) usam números fixos (ou seja, do 1 ao 99), então, fazendo uma conta rápida 13 x 30 (média de jogadores em cada elenco) temos ai 390 jogadores!… E adivinha qual é o único número (do 1 ao 99) que não é usado? Adivinha? Claro! O nosso herói: 24!
Mesmo assim, pode-se dizer: “mas que bobagem, os jogadores não usam porque não querem ser taxados de gay, não querem que ser ‘gozados’”. Certo! É exatamente este o motivo. No entanto, vamos pensar à luz da lógica: Não tem lógica! O jogador vai ser “gozado” porque usa um número? Então agora fulaninho é ou não é gay (o que nem deveria ser ofensa, diga-se de passagem) por que optou por um número? “Ahh. Mas, isso é da nossa cultura”, diriam os sábios. Exato! Assim, como a escravidão já fez parte da “cultura” (se você não sabe o que é uma analogia, perdão!).
Vamos ver o que o dicionário fala sobre “ser homossexual”:
“Diz-se da relação sexual ou afetiva mantida entre pessoas do mesmo sexo”.
Estranho não mencionar nada sobre o nosso querido número. Então vamos fazer uma recapitulação da “lógica do 24″:
1 – Ele nasceu do Jogo do Bicho (que é ilegal);
2 – Ele cresceu da associação do homossexual ao Veado (que é preconceito);
3 – Ele se mantém devido a “cultura” da ojeriza ao número 24 (que é uma idiotice).
E mesmo assim, em um âmbito profissional, mesmo que, admito, o futebol seja um dos meios mais machistas e homofóbicos que existem, mas que deve servir de exemplo para sociedade, ninguém tem a coragem (ou maturidade) de usar este número, quebrando, de certa forma, os paradigmas acima. Motivo: “ele será gozado”. Evoluímos bastante, hein? Ou será que não saímos da 5° série ainda?
PS. O goleiro Cássio, campeão da Libertadores pelo Corinthians (em 2012), jogou a competição com o 24 porque era obrigado (pelo regulamento da Commebol) quando pode optar pela escolha dos números o Corinthians (que possuí numeração fixa) abandonou o nosso herói.

muito bom o texto, é importante frisar essas permanências também fazem parte do cotidiano futebol. fico esperando um texto mais focado sobre o machismo nesse esporte, abs!
ResponderExcluirCássia Pernambuco