quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

“Enquanto te exploram, tu gritas gol"... Com certeza! grito gol, pulo e abraço a pessoa ao lado...




No Brasil. Ou como diriam alguns vira-latas: “só no Brasil!”, é bem comum você ouvir a frase: “enquanto de exploram, tu gritas gol”. Eu poderia ser bem direto e dizer que isso é uma bobagem e uma coisa não tem nada a ver com a outra, no entanto, irei aprofundar mais sobre o assunto.

Normalmente quem fala isso está clamando, de forma moralista/hipócrita, uma “reação” do povo aos desmandos dos políticos e desigualdade social no país. Mas, o que o futebol tem a ver? Assim... A pessoa precisa viver em função da política e de “não ser explorado”? E quem comenta isso, entende e vive a política de forma ativa, ou só compartilha no facebook porque acha bonitinho?



No entanto podem falar: “ahhh. mas as pessoas se importam mais com o técnico da seleção do que com o presidente do país”. Realmente, muitas vezes o “povo” questiona bastante o trabalho do técnico, porém, vale lembrar que o “povo” (uma pequena parcela é claro), já saiu às ruas pelo impeachment de um presidente, vale lembrar que o “povo” (em uma parcela maior) saiu às ruas contra a Ditadura Militar ou nos protestos de junho. Ou seja, se em algum momento da história o trabalho do técnico da seleção brasileira de futebol é mais questionado que o do presidente, talvez seja porque o presidente (na concepção da maioria das pessoas) faz um bom trabalho e o técnico, não; e a democracia é isso, certo? Ou será que não existe democracia no “reino moralista” (pergunta recíproca).

Aí meus “amigos” moralistas dirão: “ahhh. você falando assim, parece que o Brasil é uma maravilha”. Não, realmente não é, porém, o que é passado ao “povo”? A “grande mídia” vende o “verdadeiro Brasil” ou um Brasil ufanista? Por que movimentos que questionam nossas falhas sociais são “esquecidos” e demonizados?. Ou seja, se temos de um lado “manipulados” (o que é questionável) do outro, estão os alienados. E esses alienados (os moralistas, tá) que se acham tão politizados ajudam em que na conscientização/modificação do panorama? Postam no facebook a frase: “enquanto de exploram, tu gritas gol”, só isso?

Ainda pode-se falar: “Ahhh mas, algumas pessoas dizem que trocam a mulher e o emprego, porém, não deixa seu time”. É, se isso tivesse muita lógica, creio que o número de separações e de empregos seria maior no Brasil. Enfim, e claro, não poderia deixar de lembrar que países como: Inglaterra, Alemanha, Espanha, Argentina, etc. possuem pessoas tão fanáticas por futebol (ou até mais) quanto o povo brasileiro, será que esse é o motivo da exploração deles? Isso sem contar a paixão dos estadunidenses, maiores consumidores de esporte no mundo, de Cuba pelo beisebol, Austrália pelo rúgbi, etc. Será que a mesma “lógica” que vale para o Brasil, vale para esses países?

Por fim, não se deve confundir o fato do futebol ser usado como meio político, e aí sim, muitas vezes para “manipulação” (como foi na Ditadura, por exemplo), do que o futebol por si só ser o motivo da “alienação/manipulação”. Ele, por si só é “apenas” uma paixão, distração e funciona muito mais como um modelo socialmente agregador (salve exceções). Porém, não é o “ópio do povo”, já que, diferente da religião, por exemplo, não é o meio de uma “promessa futura” (de ser salvo) e sim de um momento de êxtase. “Apenas” o momento. Responsabilizar o futebol pelos erros do país é apenas reduzir e simplificar (de forma ignorante) um problema histórico. É como disse uma mulher em documentário que vi dia desses. “O povo brasileiro quer educação, comida e alegria”. E a alegria, muitas vezes é o futebol. Então, se: “enquanto te exploram, tu gritas gol”. Espero que pelo menos o gol seja do meu time.

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