quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O que é que o futebol tem a ver com comunicação?




Certa vez estava em uma mesa de bar lá pelas bandas do Centro do Recife, quando, como quase sempre, a discussão sobre futebol entrou na roda. Nessas discussões sempre existem aqueles que defendem ferrenhamente os seus clubes, têm aqueles que são mais sensatos e conseguem discutir de maneira mais sóbria e têm também aqueles que fazem parte da campanha “Eu odeio Futebol”, que odeiam até quando essa discussão entra em campo.

Um desses amigos que fazem parte da campanha contra esse esporte começou a reclamar porque esse debate entrou na roda. Então tentei argumentar com ele que debater sobre a temática não se limitava só em discutir as situações dos clubes, os esquemas táticos, os gols da última rodada, se quem é melhor, Pelé? Ou Maradona? Ou se foi falta ou não naquele lance. Com o futebol podemos discutir preconceito racial e étnico, diversidade sexual, a situação política do país, a história de uma determinada sociedade, filosofia, sociologia, antropologia, dentre vários outros assuntos que podem ser discutidos por meio deste mote. - Entre esses assuntos, podemos discutir até o projeto de Lei de Mídia Democrática – falei para ele. – Pera aí, o que é que o futebol tem a ver com o Projeto de iniciativa popular da Lei de Mídia Democrática? – perguntou.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Futebol é uma religião. Motivo: não tem pátria.



Foto: Bobby Fabisak

Qual é a “pátria da religião?”. O “país da fé?”. Cisjordânia/Israel?, que corresponde atualmente ao território onde nasceu Jesus; Arábia Saudita? Terra de Maomé, principal nome da segunda maior religião do mundo, o Islamismo. Ou até mesmo o Brasil, país com mais cristãos no mundo. Nenhuma das opções. Por ser uma instituição complexa e multicultural, torna-se impossível definir qual nação monopoliza a fé.
 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Humano, demasiado humano

 
foto: gettyimagem

Esses dias reli uma das entrevistas mais interessantes que já vi de uma pessoa no meio do futebol, realizada pelo promissor técnico Fernando Diniz, ex-jogador do Flamengo, Santos, Fluminense e atual treinador do Grêmio Audax. Nela, entre outras coisas, se destaca:

"Eu sofria muito quando era jogador. Não fui um cara que teve felicidade de ser jogador. Era uma coisa que era pra eu adorar, mas esse ambiente profissional de alto nível me trazia muita angústia e sofrimento”.

domingo, 26 de janeiro de 2014

A tribo boa de bola e as ironias do país do futebol


Foto: Raimundo Pacco/Estadão. 

O último dia 12 de Janeiro foi histórico para o futebol brasileiro, mas quase passou em silêncio. Foi a estreia do Gaviões Kyikatejê na primeira divisão do Campeonato Paraense. Assim como a própria competição soa invisível para a mídia comercial, o time também quase foi vítima da mesma falta de atenção, inclusive no momento mais importante da sua trajetória. A partida foi contra o tradicional Paysandu, dentro da casa do adversário. O resultado de 2x1 favoreceu o Papão da Curuzu, mas isso pouco importa. A maior vitória do jogo não consta na súmula e não veio de uma bola estufando as redes. O maior feito do espetáculo foi a conquista inédita e suada dos Gaviões ao entrar para a história como o primeiro clube indígena a se profissionalizar sem perder os vínculos étnicos. 

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Quem disse que não tem volante bom de bola



Muitos pitaqueiros e comentaristas de futebol dizem que volante que é volante tem que ser bruto, alguns até arriscam em afirmar que a posição é inútil. Desculpe, meus amigos, mas não concordo com vocês. Tem muito “trinco” bom de bola por aí. Tenho certeza que vocês só dizem isso porque nunca viram ou nunca prestaram a atenção nos grandes craques que atuam nesta posição.

Os volantes bons de bola podem ser a personificação do futebol-arte e concentrar técnica e habilidade, criação e beleza. Tem muitos jogadores na posição que roubam a bola com classe, que dão passes com categoria e ainda são vibrantes, lutadores, e jogam com muita raça. Jogadores com essas características são de encher os olhos, que pagam ingressos, que fazem você acreditar na beleza do futebol, que faz você acreditar que o estilo poético de jogar ainda estar vivo em meio a todo esse pragmatismo econômico, são jogadores que roubam aplausos e elogios inclusive dos adversários.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Mujica way of life no futebol e na vida.





Ele tem seus bem vividos 78 anos, baixa estatura, usa barbas e é dono de um discreto desapego às coisas materiais. Conduz um Fusca de meio século e dedica parte de seu tempo à agricultura. Foi guerrilheiro pertencente ao grupo Tupamaros no final dos anos 1960 e preso pela ditadura uruguaia. Após a redemocratização nos anos 1980, ajudou a fundar a coalização de centro-esquerda chamada Frente Ampla. Em 2010, tornou-se presidente da República e colocou o país que governa no mapa dos grandes debates internacionais, após ações que reacenderam a esperança da esquerda e da utopia humanista na América Latina. Abriu uma discussão sincera sobre o casamento homossexual, a descriminalização do aborto e a legalização da maconha. Estou falando de José “Pepe” Mujica, presidente do Uruguai, o responsável por uma gestão serena, cuidadosa com o povo, democrata e ousada. O homem é o exemplo que o Brasil precisa na vida, no futebol, na política e na cidadania. 

Confesso ao leitor que não hesitaria, em protestos como os de Junho de 2013, entoar em frente a CBF, com cartaz e megafone, o redentor coro da massa futebolística insatisfeita: “Mujica para presidente da CBF”. Se não o próprio, em virtude do atual cargo que ocupa e da distância de sua chácara em Montevideo até o Rio de Janeiro, que pelos menos servisse de exemplo e fizesse surgir entro nós um perfil tal e qual a sua performance na mais nova ilha utópica da América do Sul. Que inspirasse, mesmo de longe, um amante autentico do futebol aqui no Brasil com as mesmas manias de amar o próximo, compreender diferentes visões de mundo e de ter um profundo desapego ao poder. Já pensou um cara desses na Confederação Brasileira de Futebol? O que ele faria? 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Quando Bosco foi o melhor goleiro do mundo...


Meus pais não gostam de futebol. Por isso, não nasci numa casa com o “convívio social” propenso a gostar do esporte. Mas, é aquilo, sempre tem um tio (no meu caso dois tios) que levam você para o “mau” caminho. Nesse caso, ser torcedor do Sport (admitam, poderia ser pior).

No entanto, o assunto não é como me tornei, e sim, como era, quando criança, ser torcedor. Comecei a gostar do esporte (e do Sport) lá pelos anos de 98, 99... E nessa época, até por ser goleiro no mirim-a do meu colégio era fã do Bosco (ex-goleiro do Sport). Para mim ele era o maior goleiro do mundo (apesar de que, de fato, ele era um dos melhores do país). Eu nunca tinha ouvido falar no Schmeichel (dinamarquês do Manchester United, em tese, o melhor do mundo naqueles anos), no Oliver Kahn que já se destacava no Bayern, Pagliuca ou até mesmo no Taffarel, esse último, só na Copa de 1998. Na minha “inocência”, o maior do mundo era o Bosco (e aí de quem duvidasse), vibrava com suas defesas e quando fazia as minhas, claro, não titubeava em gritar “Defende Bosco!!!”. Sim, eu queria ser ele.